Miami — A Global66, plataforma de envio de dinheiro e pagamentos internacionais sediada no Chile, anunciou hoje que arrecadou US$ 12 milhões no financiamento da Série A, elevando o total arrecadado pela empresa a US$ 20 milhões.
“Queremos que o dinheiro ultrapasse as fronteiras”, afirmou Tomas Bercovich, CEO e cofundador da Global66.
Tradicionalmente, fazer envios internacionais de dinheiro é um processo vagaroso e repleto de taxas, mas a Global66 facilita o envio de quantias em minutos, cobrando apenas a taxa de câmbio.
Recentemente, os pagamentos peer-to-peer (P2P) se tornaram muito populares, porém normalmente os serviços são prestados dentro de um único país. No fim do ano passado, o governo brasileiro lançou o Pix, serviço de pagamentos P2P que permite pagamentos instantâneos sem custo no Brasil. Nos EUA, as pessoas utilizam o Venmo, serviço privado semelhante ao Pix, e o Zelle, serviço integrado aos bancos norte-americanos. Porém na América Latina, não existe uma solução moderna que permite pagamentos internacionais.
Bercovich é um empreendedor chileno com estreia de sucesso que estudou na Columbia Business School, onde conheceu o cofundador da Global66, Cristobal Forno, outro empreendedor chileno. Aliás, Bercovich investiu na empresa de Forno antes que decidissem abrir um negócio juntos. Forno tem um histórico sólido em finanças, e os sócios identificaram no mercado a necessidade de uma empresa de remessas simples para atuar na América Latina.
Como o mercado da América Latina ainda não estava muito desenvolvido, a dupla se mudou para Londres em 2017 para aprenderem sobre tecnologias financeiras e se tornarem clientes das melhores instituições financeiras para que pudessem entender como o processo funcionava. Então, lançaram um MVP – produto mínimo viável – chamado transferenciaperu.com – e, então, em 2018, lançaram a Global66. Desde então, os cofundadores se mudaram, e, atualmente, a Global66 tem sede no Chile.
“O MVP era uma página cheia de cotações, mas o back end era cheio de planilhas do Google”, disse Bercovich em entrevista à Bloomberg Línea.
Atualmente, a Global66 opera em mais de oito países, incluindo Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Brasil, México, Equador e Espanha. Os clientes podem transferir dinheiro a mais de 55 destinos. Em países selecionados, a empresa também oferece uma carteira digital que permite transferências instantâneas P2P nacionais e internacionais.
A Global66 atualmente possui mais de 200 funcionários em oito países e mais de 290 mil clientes. “Quando a Covid-19 começou, tínhamos apenas 40 funcionários. Nós quintuplicamos nosso tamanho no último ano e meio”, afirmou Bercovich.
Além de trabalhar com pessoas físicas, a Global66 tem soluções para PMEs – pequenas e médias empresas – uma importante parte do mercado que também pode aproveitar seus serviços.
“Os corredores intrarregionais da América Latina ainda são muito mal atendidos no que diz respeito a transferências de dinheiro, tanto para consumidores quanto para pequenos negócios. As operadoras tradicionais cobram altas taxas dos clientes e oferecem estruturas de preços opacas e uma péssima experiência do usuário, ao passo que os bancos regionais são incapazes de atender com eficácia as PMEs “, disse Rafa de la Guia, da Quona Capital.
E agora?
Além de seu serviço de envio de dinheiro, a Global66 tem uma carteira multimoedas. A ideia é que as pessoas consigam manter todo seu dinheiro em um lugar.
Essa rodada foi liderada pela Quona Capital, com participação da Magma Partners, da Venrex Investment Management, da Clocktower Technology Ventures e de outras empresas familiares e investidores. A empresa planeja utilizar o financiamento da rodada para crescer na região e desenvolver ainda mais seus produtos, incluindo expandir para os EUA – um mercado enorme, pois há muitos latino-americanos vivendo no país e que regularmente precisam enviar dinheiro a seus países de origem. A empresa também está trabalhando no lançamento de um cartão de débito atrelado à carteira digital; assim, quando alguém enviar uma quantia, seu cartão pré-pago será carregado e estará pronto para uso.
“Estamos trabalhando para unir a América Latina”, afirmou Bercovich.
