Por que mais fundadores deixam suas startups para atuar como investidor de VC

Victor Lazarte, ex-CEO da Wildlife, é o caso mais recente de empreendedor que trabalhará em fundos de venture capital: ele será general partner da Benchmark, de São Francisco

Vista de São Francisco, sede do Benchmark, fundo de VC que contratou o brasileiro Victor Lazarte como general partner
25 de Julho, 2023 | 05:20 AM

Bloomberg Línea — Fundadores de startups brasileiras estão passando para o lado dos investidores com gestoras de venture capital “à medida que o mercado amadurece”, como explicou Gustavo Vaz, ex-CEO e co-fundador da EmCasa e agora parte do time de investimentos da Spectra Investments.

Casos como o do CEO e co-fundador da Wildlife, Victor Lazarte, e de Gustavo Vaz, que deixaram suas empresas e agora fazem parte do time de investidores, podem apontar uma nova tendência, segundo ele.

Sarah Tavel, general partner da Benchmark Capital, fundo de venture capital reconhecido do Vale do Silício que financiou unicórnios como a Uber e a própria Wildlife, disse que Lazarte ingressou na empresa também como general partner e co-fundador.

“Usamos esse termo porque a empresa continua definida pelo modelo simples e claro de seis general partners iguais, cada um operando com a autonomia e a propriedade de um fundador no sentido mais amplo: da remuneração à autoridade de tomada de decisão”, disse.

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Desde 2019, a Wildlife, fundada por Victor e seu irmão Arthur Lazarte, tem em seu conselho Peter Fenton, general partner da Benchmark. A empresa de games brasileira anunciou a saída de Victor do cargo de CEO há um mês, ocasião em que cortou 13% de sua equipe de funcionários.

Segundo Tavel, Lazarte foi escolhido como co-fundador pela “compreensão radical da jornada do fundador”.

“Tendo sido rejeitado por todos os investidores no Brasil, Victor pegou apenas US$ 100 e transformou-a em uma empresa de jogos transformadora que gera centenas de milhões em receita anual”, escreveu Tavel.

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Lazarte já atuava como investidor anjo. Ele também já fazia parte do conselho da Brex, de seu colegas Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, desde 2018, segundo dados do PitchBook.

“Temos a maior convicção de que Victor não apenas se destacará no ofício multidisciplinar de investimento de risco em estágio inicial mas também nos impulsionará em nossa tese”, disse Tavel.

Um dos casos mais famosos é o do brasileiro Eduardo Saverin, co-fundador do Facebook que no momento comanda o B Capital Group. No início de junho, a empresa de venture capital estava em processo de captação de US$ 500 milhões para investir em startups early stage, segundo a Bloomberg News.

A Brex também teve o seu então diretor de receita (Chief Revenue Officer) Sam Blond em mudança de lado: ele se juntou à empresa de capital de risco Founders Fund, de Peter Thiel, como sócio, em setembro de 2022. Nos últimos dias, Ryan Petersen, fundador e ex-CEO da startup de logística Flexport também deixou a empresa para se tornar investidor no Founders Fund.

Gustavo Vaz, ex-CEO da proptech (que atua no mercado de imóveis) EmCasa, deixou seu cargo em maio para se tornar um investidor da Spectra. A casa opera com private equity e ativos alternativos, investimentos diretos em empresas e transações secundárias.

O co-fundador da EmCasa Lucas Cardozo, que atuava como COO (à frente das operações), agora comanda a startup no cargo de CEO, enquanto Vaz acompanha estrategicamente como membro do conselho.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups