Como um jato Legacy da Embraer foi apreendido na investigação do colapso da FTX

Aeronave fabricado pela empresa brasileira transportaria Sam Bankman-Fried e outros executivos da exchange de criptoativos em voos entre as Bahamas e os EUA

Um modelo Legacy da Embraer que foi evolução do modelo apreendido pelas autoridades americanas (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)
Por Jonathan Roeder
22 de Março, 2024 | 07:53 PM

Bloomberg — Um jato de luxo que estava destinado a transportar o cofundador da FTX Sam Bankman-Fried e outros executivos em voos das Bahamas antes de a plataforma de criptomoedas quebrar está sendo entregue às autoridades dos Estados Unidos.

O jato, um Embraer Legacy EMB-135BJ, está sendo levado das Bahamas para a Flórida, onde será entregue à polícia, de acordo com documentos protocolados nesta sexta-feira (22) por promotores federais.

Os U.S. Marshals, nome dado aos agentes federais especiais que cumprem funções como a aplicação da lei nos Estados Unidos, já apreenderam um segundo jato que também seria utilizado pela FTX. As autoridades buscam permissão judicial para vender ambas as aeronaves.

O Legacy estava sob posse de uma empresa de voos charter nas Bahamas e envolvido em uma disputa de propriedade no processo de concordata (equivalente à recuperação judicial no Brasil) da FTX.

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Paul Aranha, fundador da Trans Island Airways, afirmou em um depoimento juramentado no ano passado que adquiriu a aeronave com financiamento da FTX como parte de um acordo oral com Bankman-Fried.

Não foi informado se o jato é um Legacy 600 ou 650. O primeiro modelo, vendido na década de 2000, chegava a custar de US$ 20 milhões a US$ 25 milhões na versão nova de fábrica, segundo fontes de mercado. O jato destinado à FTX, no entanto, era um modelo de segunda mão.

Um porta-voz da FTX disse que os advisors da empresa trabalharam em estreita colaboração com o governo dos EUA no acordo para devolver o Legacy, a segunda aeronave adquirida com fundos corporativos recuperados durante o caso de recuperação pelo Chapter 11.

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Aranha disse que começou a voar com Bankman-Fried em viagens de ida e volta das Bahamas em 2021, cerca de um ano antes da FTX entrar com o pedido de proteção contra credores.

Bankman-Fried costumava viajar regularmente de jato privado entre Bahamas, Nova York e Washington no ano anterior ao colapso da FTX, como relatou a Bloomberg News.

A partir de outubro de 2021, o negócio de aviação charter de Aranha forneceu o equivalente a mais de US$ 15 milhões em voos fretados particulares e de carga, bem como outros serviços para Bankman-Fried, outros executivos da FTX, funcionários e seus amigos e familiares, de acordo com um documento protocolado em setembro.

Em janeiro de 2022, a quantidade de voos exigiu a aquisição de aeronaves adicionais, que Aranha comprou com financiamento da FTX, segundo documentos judiciais.

Bankman-Fried, no entanto, nunca teve a chance de desfrutar do Legacy ou do segundo jato, um Bombardier Global 5000 BD-700-1A11.

A FTX solicitou um wi-fi de última geração e novos interiores nos jatos, melhorias que ainda estavam em andamento quando a FTX entrou em colapso em novembro de 2022, de acordo com os documentos judiciais. Como resultado, ninguém associado à FTX voou no Global ou no Legacy, segundo Aranha.

As autoridades federais concordaram em compensar Aranha e suas empresas pelos custos de manutenção incorridos antes que os jatos fossem apreendidos e pelas despesas relacionadas ao transporte do Legacy para os EUA.

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O Legacy da Embraer será entregue no aeroporto executivo de Ft. Lauderdale, na Flórida, de acordo com os documentos judiciais.

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