Retomada de IPOs nos EUA tem uma ausência importante: o private equity

Apesar do crescimento de quase três vezes do volume captado em ofertas públicas iniciais em 2024, apenas duas operações tiveram saídas de empresas de private equity

Bolsa de Nova York: começo de ano tem volume maior captado em ofertas iniciais de ações (Foto: Michael Nagle/Bloomberg)
Por Amy Or
02 de Maio, 2024 | 06:17 AM

Bloomberg — Enquanto fundadores de empresas e investidores de venture capital têm obtido ganhos com a recente recuperação de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, as empresas de private equity mal têm se beneficiado.

As saídas das empresas do ramo estiveram ausentes dos US$ 13,7 bilhões levantados em ofertas públicas iniciais nos EUA até agora neste ano, ainda que o volume de operações tenha aumentado mais de três vezes em relação ao mesmo período em 2023, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Considerando os IPOs acima de US$ 100 milhões, apenas duas operações de empresas apoiadas por private equity foram concluídas até agora, levantando cerca de US$ 1 bilhão, mostram dados da consultoria PitchBook.

O baixo número de ofertas públicas iniciais apoiadas por private equity representa uma queda acentuada em relação às 110 registradas em 2021, de acordo com os dados da PitchBook.

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No ano passado, 10 empresas apoiadas por private equity abriram capital, enquanto que em 2022 foram apenas duas, mostram os dados. Os números ilustram a dificuldade pela qual as empresas do setor têm passado nos últimos dois anos para dar saídas aos seus investimentos.

Sinais recentes de uma recuperação sustentada no mercado de IPOs aumentam as esperanças de que as ofertas apoiadas por private equity possam voltar ao patamar normal de cerca de 30% do total, disse Garrett Hinds, analista sênior de pesquisa em private equity da PitchBook.

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“Com os mercados de apitais fortalecidos, as coisas estão se encaminhando bem para as operações de saída por meio de IPOs”, disse Hinds. “Isso deve inspirar mais empresas apoiadas por private equity, especialmente aquelas em fundos mais maduros, a buscar uma listagem.”

Desinvestimentos afundaram

Os desinvestimentos globais em private equity afundaram para seu menor valor trimestral em mais de três anos no primeiro trimestre, de acordo com a S&P Global Market Intelligence, à medida que as taxas de juros mais altas continuaram a prejudicar a atividade de private equity.

Houve US$ 81,2 bilhões em desinvestimentos no primeiro trimestre, 22% menos que o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Preqin compilados pela empresa.

“O setor de private equity tem esperado para vender uma posição em suas empresas do portfólio há algum tempo”, disse Andrew Wetenhall, co-líder de mercados de capital de ações das Américas, no Morgan Stanley. “Reduzir a participação é uma normalidade, bem como uma praticidade para o modelo de private equity.”

Há alguns sinais de melhora. Os dois investidores na operadora de cruzeiros Viking Holdings — TPG e o gestor de fundos de pensão Canada Pension Plan Investment Board — aumentaram o número de ações à venda de 33 milhões para 42 milhões, elevando o tamanho da oferta para até US$ 1,3 bilhão.

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A fabricante de peças aeroespaciais e de defesa Loar Holdings — apoiada pelo braço de investimento em crédito da Blackstone e pela Abrams Capital — registrou um aumento de 74% em sua estreia na semana passada, tornando-se a terceira melhor IPO com mais de US$ 100 milhões este ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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Isso contrasta com o início difícil do ano visto pela KKR, que apoiou o IPO da BrightSpring Health Services em uma oferta de US$ 693 milhões em janeiro.

As ações da empresa de serviços de saúde comunitários caíram 15% na estreia e têm permanecido abaixo desde então, em meio a preocupações com o peso da dívida da empresa. A BrightSpring divulgará seus resultados na quinta-feira.

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