Inflação: 3 indicadores globais sinalizam que o pico pode ter ficado para trás

Economistas começam a concordar com a ideia de que os índices de preços estão desacelerando, apesar de isso demorar para chegar ao consumidor

Uma moderação nas pressões do lado da oferta, como a de alimentos, poderia permitir que os bancos centrais amenizem os seus ciclos de aperto monetário
Por Michelle Jamrisko
07 de Junho, 2022 | 11:52 AM

Bloomberg — Nem tudo é má notícia quando se trata de inflação. Três dos principais custos que impulsionaram os níveis de inflação global do lado da oferta mudaram de direção no dado mais recente divulgado, o que sugere que um alívio pode estar a caminho para consumidores de todo o mundo.

Três grandes indicadores de preços para a inflação global mostraram arrefecimento após atingirem um picodfd

O preço de semicondutores – um medidor de custos para a produção de eletrônicos como laptops e computadores de mesa, os desktops, por exemplo – está agora na metade do pico atingido em julho de 2018 e já caiu 14% em relação a meados do ano passado.

A taxa para o transporte em contêineres de navio – que nos diz mais do que imaginamos sobre despesas como vestuário em Chicago, itens de luxo em Singapura ou móveis para casas na Europa – caiu 26% desde a alta histórica de setembro de 2021.

Os preços dos fertilizantes na América do Norte - que indicam para onde vai a inflação global de alimentos, incluindo os preços de tomates em Londres ou de cebolas à venda em um mercado de Johanesburgo, na África do Sul - está 24% abaixo do recorde de março.

PUBLICIDADE

Com a inflação agora superior a 8% na zona do euro, e com a expectativa de que permaneça acima desse nível nos Estados Unidos quando os dados de maio forem divulgados na sexta-feira (10), os bancos centrais de todo o mundo seguem lutando para conter o avanço consolidado dos preços.

  Mais de 60 bancos centrais ao redor do mundo elevaram suas taxas dfd

Muitos economistas convergem para a ideia de que o pico da inflação ficou para trás, embora haja um delay - um efeito de demora no tempo - antes que os custos mais baixos das matérias-primas cheguem ao preço final que os consumidores pagam.

Embora poucos analistas prevejam um retorno aos níveis pré-pandemia no curto prazo, gigantes do varejo global como Walmart lutam para reduzir os seus estoques elevados para um consumidor agora menos entusiasmado em gastar. Portanto, uma moderação nessas pressões do lado da oferta poderia eventualmente permitir que os bancos centrais amenizassem seus ciclos de aperto monetário.

PUBLICIDADE

“Embora a inflação em algumas partes do mundo ainda não tenha atingido seu pico, há pelo menos alguns sinais surgindo de que podemos não estar muito longe de uma virada em que começaremos a ver a taxa de inflação anual começar a cair,” disse Khoon Goh, chefe de pesquisa para Ásia do Australia & New Zealand Banking Group, em Singapura.

Os preços ao produtor da China atingiram seu pico no final de 2021. Economistas agora preveem um aumento de 6,5% nos preços cobrados pelas fábricas em maio em relação ao ano anterior, ante 8% em abril.

Esse é um desenvolvimento promissor para o alívio da inflação de bens importados em todo o mundo, disse Goh. Além disso, as taxas mais baixas de frete de contêineres e a melhoria dos prazos de entrega dos fornecedores apontam para a diminuição dos gargalos, o que deve conter as pressões de preços ainda este ano, disse.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Petróleo precisa ir a US$ 135 para resolver déficit de oferta, diz Goldman

Ressaca da bolsa: Empiricus corta 12% do pessoal em demissão coletiva